Assim que me viu de longe, levantou-se, chamou-me de “Abuna” (assim são chamados os pastores em seu país) e convidou-me pra sentar ao seu lado (a barba branca, característica dos “abunas”, me identificou). Beijou minha mão, passou as mãos em meu rosto, beijou-me a face e abraçou-me como um filho. Sua reação explica-se pelo fato de estar refugiada na Turquia, um país com 85 milhões de habitantes e somente 6 mil cristãos! Por isso, não é comum encontrar um “Abuna”…
Nascida numa pequena vila ao norte do Iraque, ela é cristã, assim como dezenas de gerações dos seus pais, desde os dias dos apóstolos. Pode imaginar quanto sua família teve que resistir pra conservar a fé em Cristo até hoje? Quem a vê sorrindo não tem ideia de sua dor. Desde 1957 está fugindo da violência. Um outro povo, de um outro país e professando uma outra religião, invadiu sua cidade, matando milhares de homens, mulheres e crianças. Conseguiu fugir…
Por conta das perseguições já morou em 5 cidades diferentes, sempre tendo que fugir pra salvar sua vida. Hoje se encontra “em trânsito” numa terra que não é sua e que não a quer ali. Todos os dias pede ao Eterno que um outro país a aceite, pois aqui ela teme pelo
futuro de seus filhos e netos.
Ao despedir-se, repete o ritual carinhoso: beijo na mão, na face e um abraço. “Obrigado por ter vindo”, diz. “D’us abençoe seu caminho”.
Despeço-me com as mesmas palavras, com o coração apertado e a clara impressão de ter tocado em solo santo. Ore comigo por ela e pelos milhares de refugiados cristãos iraquianos na Turquia. Que encontrem um novo lar. Quem sabe no Brasil.
Caso queira apoiar estas famílias de alguma forma, entre em contato conosco.
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